Problemas em um show

    Pessoas são estranhas.
    Essa foi à conclusão que cheguei após aquele show.
    Eu havia comprado os ingressos uma semana antes do show. E havia convencido minha amiga a ir comigo dois dias antes do mesmo.
    No dia do show, estávamos as duas prontas. Estava com uma camisa do Led Zeppelin que adorava e uma jaqueta presa na cintura.
    A jaqueta preveniria duas coisas, o frio da madrugada durante a volta e, apalpadas em minha bunda. Isso sempre acontece em shows. Toda garota que vai a um, deve estar preparada.
    Além disso, toda e qualquer pessoa deve saber que, sempre há o costumeiro “empurra-empurra”. Sempre há pessoas que querem estar mais próximas do palco. E como eu sou uma dessas pessoas, já estou acostumada com isso. Não gosto, mas me acostumei.
    Quando já estávamos no show, encontramos o namorado dela e tentamos ficar o mais próximo possível do palco. Por uma boa sorte, conseguimos ficar de frente ao mesmo.
    Mas como sempre, alegria dura pouco. Não deu nem dez minutos de show, quando sinto alguém me cutucando. Não me empurrando, mas me cutucando. Como se quisesse chamar minha atenção.
    Quando olho para trás, percebo um casal, um hippie e uma garota. O hippie tinha cabelos compridos tão bagunçados, que se assemelhavam a um ninho de passarinhos, e uma barba que junta com as roupas rotas que usava lhe davam uma aparência de mendigo.
    Já a garota que estava com ele, era do tipo “rebelde bonita”. Rockeira de loja, que muito provavelmente só estava ali por causa dele.
    – Pode parar de me cutucar? – pedi inicialmente com gentileza. Eu sempre tento pedir as coisas calmamente antes de tentar de uma maneira mais rude.
    A garota me olhou, dos pés a cabeça, e sorria. Um sorriso irônico, que me irritou de uma maneira anormal.
    Eu fui para um lugar um pouco mais distante deles, arrastando minha amiga e o namorado que estavam se agarrando em meio ao show e nem tinham percebido nada.
    Quando pensei que tinha me livrado do incômodo e que poderia aproveitar o show, senti alguém apalpando minha bunda. Até entendo isso, o empurra-empurra estava muito forte. Mas eu senti a pessoa colocando a mão dentro do bolso da minha calça, sendo que a jaqueta ainda estava amarrada em minha cintura.
    Virei-me para encarar o “tarado” e qual não foi minha surpresa ao ver que quem estava me alisando era o hippie que estava com a namorada do lado. Eles tinham nos seguido até onde estávamos.
    – O que é isso?! Dá pra parar de passar a mão em mim?! – eu gritei com ele, mas ele não deu muita atenção e se virou para a namorada.
    – Vamos pra lá, que a moça ai tá dizendo que você fica passando a mão nela. – Eu fiquei olhando sem entender o que estava acontecendo, e quando pensei que não poderia ficar mais estranho, a garota começou a gritar comigo.
    – Então é você que está dizendo que EU estou passando a mão em você?! – Eu fiquei sem entender e minha amiga, que tinha largado do namorado e ouvido a confusão, disse que tinha visto ela me provocar.
    Eu percebi que ela iria tentar algo físico, então empurrei minha amiga para o lado e acertei na garota um direto de esquerda na cara dela. Nisso, o namorado da minha amiga olhou para o hippie e disse:
    – Você não vai encostar um dedo nela. – Coisa de homem, até eu sei que briga de mulher é muito mais divertida no gel.
    A garota ia tentar revidar, mas o namorado da minha amiga colocou um amigo no meio e assim ela não tentou nada. Minha amiga ainda deu-lhe um belo chute no estomago e assim o casal finalmente nos deixou em paz e pudemos curtir o pouco que restava do show.
    É por isso que eu reafirmo. Pessoas são estranhas, sempre procurando um meio de criar confusão umas com as outras.