Apenas quero sumir...

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            Irônico.
            É eu estou chorando. Novamente.
            É incrível, por mais que eu tente não me importar, simplesmente não consigo.
            Por mais que ele me magoe, por mais que isso me machuque.
            Há alguns dias atrás cheguei a acreditar que iriamos dar certo. Iriamos nos acertar, cheguei a achar que ele gostava de mim. Vejo agora que acreditar nisso era pura besteira.
            Encontrei-o com alguns amigos. Como na hora ainda achava que estávamos bem, fui a seu encontro. Ele simplesmente me empurrou, afastou-se dos amigos e eu fui atrás dele.
            – O que pensa que está fazendo? – Ele me perguntou com uma expressão de obvia raiva
            – Eu apenas ia te abraçar e cumprimentar seus amigos. – Respondi não entendendo o que estava acontecendo.
            – Por que iria fazer isso?!
            – Ué... Não estamos juntos? Não é o certo, a garota cumprimentar o namorado e seus amigos? – Perguntei ingenuamente.
            – Quem disse que estamos juntos?! – Ele começara a rir, fazendo-me lacrimejar.
            – Mas então?
            – Você foi apenas mais uma entre minhas conquistas, é apenas mais um troféu. Não significou nada para mim. – Com um olhar sádico ele respondera minha pergunta, o que fez com que eu caísse em choro.
            – Mas e meus sentimentos?! Você não se importa nem um pouco com eles?! – Gritei enquanto as lagrimas teimavam em correr por minha face.
            – Pro inferno você e seus sentimentos! – Ele gritou e virou-se para voltar a seus amigos enquanto eu corria para onde quer que meus pés me levassem.
            Eu não sabia o que fazer, não sabia o que pensar, não sabia de nada. Apenas queria desaparecer. Desaparecer era o que eu desejava.
           
            Os dias se passaram desde aquilo, nos trazendo ao dia de hoje.
            Estou em meu quarto chorando, pois por mais que ele tenha me magoado eu ainda o amo. Não consigo não deixar de ama-lo. O amor é uma coisa tão boa, mas que machuca tanto. Ainda mais quando coisas assim acontecem.
            Os dias passaram, mas eu ainda não sei o que fazer. Ainda quero desaparecer. Não quero vê-lo mais. Mas ainda quero.
            Não consigo entender o por que. Apenas quero e não quero.
            Queria que as lagrimas parassem de cair...
            A ironia disso tudo é que por mais que eu o odeie, ainda o amo. Por mais que ele tenha sido um completo imbecil, não consigo ficar brava com ele.
            Estou brava comigo mesma, não consigo parar de ama-lo quando sei que deveria. Não consigo desistir desse amor sem motivos e sem possibilidade de ser correspondido.
            Não consigo...
            Eu apenas quero sumir...

Dedicado a Isabela Spaey.

Uma nova esperança e um café frio

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Aqui estou eu novamente.
Estou tentando escrever algo... Mas minha vida continua tão ruim quanto da ultima vez.
Eu continuo sem amor, sem fé e sem esperança de viver.
Meus poucos amigos, que agora não mais são amigos, partiram cada qual por seu caminho, em busca de aventura, paixão... Ou qualquer outra coisa que lhes fizessem ter sucesso em suas vidas medíocres.
Ao escrever essas palavras, ouço batidas em minha porta. Um misto de ódio e confusão poderia ser visto em minha face. Odeio ser interrompido enquanto escrevo, mas minha curiosidade em saber quem poderia estar me visitando, afinal de contas, ninguém me visita...
Ao abrir a porta, deparo-me com um de meus antigos companheiros de bebida. Joe... Ou Johnny? Bem, não me importa...
Ele parece assustado, talvez com medo.
Até hoje não sei a diferença nas expressões humanas.
Ele me diz que concretizou sua vingança.
Não faço ideia do que ele está falando, talvez algo que fora perdido em alguma amnésia alcoólica.
– E como foi? – Eu pergunto
– Não sei dizer. Matar minha esposa não é algo que eu saiba como lidar. – Ele me disse – Pode me emprestar algum dinheiro?
– Para que? – Pergunto a ele desanimado
– Preciso de um lugar para ficar e não quero que tenha mais problemas que já tem – Explicou ele
– Certo... Só um instante – Pego minha carteira e lhe jogo três notas de cinquenta reais.
– Obrigado – Olhando em meus olhos pela primeira vez ele continua – Você pode não concordar, mas é uma boa pessoa. Ainda vai ter algo bom em sua vida. Espero que logo breve, antes que cometa alguma loucura como eu.
– Eu agradeço... Mas... – A frase fica ao ar livre, ao perceber que ele já havia ido embora.
Com o bater da porta, eu sinto um estalo em minha mente.
Tranco minha porta, mexo meu café, que já havia esfriado, e sento-me novamente em minha mesa.
Fico sentado nela por horas a fio. Finalmente escrevo.
Uma longa coleção de crônicas.
Ao me espreguiçar em minha cadeira, ligo a televisão. Um momento pouco costumeiro. Não ligo a televisão sem motivos.
Após passar por todos os canais, paro em um deles. O jornal está noticiando a morte de alguém.
Um suicídio em um hotel. Próximo a meu apartamento até.
A câmera passa rapidamente pelo morto, enforcamento, era ele. O “amigo” que me visitara no dia anterior.
Ele fez o que não tive coragem de fazer... Não me importei muito, mas lembrei-me do que ele me disse por ultimo. Olho para minha mesa, minhas paginas em mãos... Saio de casa e me encaminho para o jornal em que publico eventualmente.
Espero que isso possa salvar meu emprego... Ou se puder conseguir ajuda de meu editor. Para publicar as crônicas de uma vez. Como um livro...
É só isso que espero... Não desperdiçarei mais minha vida. Quero fazer valer a pena agora.