Aqui estou eu novamente.
Estou tentando escrever algo... Mas minha vida continua tão ruim quanto da ultima vez.
Eu continuo sem amor, sem fé e sem esperança de viver.
Meus poucos amigos, que agora não mais são amigos, partiram cada qual por seu caminho, em busca de aventura, paixão... Ou qualquer outra coisa que lhes fizessem ter sucesso em suas vidas medíocres.
Ao escrever essas palavras, ouço batidas em minha porta. Um misto de ódio e confusão poderia ser visto em minha face. Odeio ser interrompido enquanto escrevo, mas minha curiosidade em saber quem poderia estar me visitando, afinal de contas, ninguém me visita...
Ao abrir a porta, deparo-me com um de meus antigos companheiros de bebida. Joe... Ou Johnny? Bem, não me importa...
Ele parece assustado, talvez com medo.
Até hoje não sei a diferença nas expressões humanas.
Ele me diz que concretizou sua vingança.
Não faço ideia do que ele está falando, talvez algo que fora perdido em alguma amnésia alcoólica.
– E como foi? – Eu pergunto
– Não sei dizer. Matar minha esposa não é algo que eu saiba como lidar. – Ele me disse – Pode me emprestar algum dinheiro?
– Para que? – Pergunto a ele desanimado
– Preciso de um lugar para ficar e não quero que tenha mais problemas que já tem – Explicou ele
– Certo... Só um instante – Pego minha carteira e lhe jogo três notas de cinquenta reais.
– Obrigado – Olhando em meus olhos pela primeira vez ele continua – Você pode não concordar, mas é uma boa pessoa. Ainda vai ter algo bom em sua vida. Espero que logo breve, antes que cometa alguma loucura como eu.
– Eu agradeço... Mas... – A frase fica ao ar livre, ao perceber que ele já havia ido embora.
Com o bater da porta, eu sinto um estalo em minha mente.
Tranco minha porta, mexo meu café, que já havia esfriado, e sento-me novamente em minha mesa.
Fico sentado nela por horas a fio. Finalmente escrevo.
Uma longa coleção de crônicas.
Ao me espreguiçar em minha cadeira, ligo a televisão. Um momento pouco costumeiro. Não ligo a televisão sem motivos.
Após passar por todos os canais, paro em um deles. O jornal está noticiando a morte de alguém.
Um suicídio em um hotel. Próximo a meu apartamento até.
A câmera passa rapidamente pelo morto, enforcamento, era ele. O “amigo” que me visitara no dia anterior.
Ele fez o que não tive coragem de fazer... Não me importei muito, mas lembrei-me do que ele me disse por ultimo. Olho para minha mesa, minhas paginas em mãos... Saio de casa e me encaminho para o jornal em que publico eventualmente.
Espero que isso possa salvar meu emprego... Ou se puder conseguir ajuda de meu editor. Para publicar as crônicas de uma vez. Como um livro...
É só isso que espero... Não desperdiçarei mais minha vida. Quero fazer valer a pena agora.
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