Estava
voltando para casa quando comecei a pensar sobre isso.
Eu sempre
penso em como quero viver, o que quero fazer... Mas quase nunca paro para
pensar em como quero morrer. Ou como me imagino quando estiver morrendo.
Eu
acho que acabaria mesmo morrendo sozinho. Não por viver sozinho, ou por ser um miserável
amargurado como sou. Mas simplesmente pelo fato de que eu não consigo não me
imaginar assim.
Eu
sempre disse que iria querer morrer sobre alguma forma de escrita, com uma
xicara de café ao meu lado e uns biscoitos do outro. Em suma, morreria sob
minha mesa.
Não
dá pra me imaginar tendo uma morte de outro tipo se não essa.
Sou
o tipo de pessoa que não se imagina tendo uma família. Tendo filhos pra criar. Ou
tendo esposa.
Não
dá pra me imaginar tendo uma vidinha normal de pessoas normais... Ou eu
simplesmente sou um filho-da-mãe que
não consegue se imaginar sendo ordinário? Sim, ordinário só pra não dizer “comum”.
Antes
que me arremessem pedras, ordinário apenas quer dizer comum ou trivial. Pelo
menos nesse caso não quer dizer nada sobre vulgaridade.
Tenho
medo.
Medo
de ser uma realidade minha. Morrer sozinho. Tenho medo e espero por isso. Não
sei dizer, talvez eu realmente queira que isso aconteça assim. Parece um final
digno para mim. Eu não iria querer morrer de outra maneira.
Não
iria querer partir de outra forma.
Mas
outra coisa, além disso, me perturba. O famoso, “descansar em paz”. Será que eu descansarei em paz?
Será
que meus olhos se fecharão quando eu partir dessa para uma... Não sei dizer se vai
ser uma melhor. Mas será que eles irão se fechar quando eu partir?
Sempre
ouvi dizer que pessoas que morrem de olhos abertos, jamais descansam em paz.
Isso
me assusta um pouco. O descanso eterno será um tormento eterno? Por que se for,
para que então que eu vou morrer? Se for pra morrer e não descansar, prefiro
estar vivo.
Viver
a vida e não a morte. É isso que deve ser feito.
As
pontas da vida não deveriam importar tanto, somente a vida em si.
Estou
vivendo não estou? Estou tendo bons e maus momentos. Cada momento que já vivi
foi necessário para construir quem eu sou. Cada momento que eu estou para viver
vai ser necessário para me aperfeiçoar e fazer com que eu melhore onde deva melhorar...
Fazer com que eu largue o que deva largar... Fazer o que tenha que fazer...
É disso
que a vida é feita. De momentos.
Não
estou dizendo que não devem ser feitos planos para a vida.
Estou
apenas dizendo que os momentos devem ser aproveitados, tanto os maus quanto os
bons. Por que sem eles, qual seria a graça da vida?
Vida
fácil? Para que eu iria querer algo assim? Não rende crônica! E é disso que eu
vivo!
Minhas
crônicas. Elas são criadas a partir dos momentos em que vivo. Cada uma de um
momento em particular. Cada coisa é o que é. Cada momento foi vivido. Foi superado,
ou não.
Se
eu pudesse mudar algo que já me aconteceu, seria o fato de meu café ter acabado
ontem... Não mudaria mais nada. Gosto da minha vida. Mesmo sendo uma droga.
Então
é isso, acho que quando eu partir estará
tudo bem, pelo menos para mim. Posso não descansar em paz, mas se eu voltar
como fantasma ou coisa do tipo... Bem, tenho pena de quem eu quiser atormentar.
Tudo
bem, sem brincadeira de fantasmas e essas bobagens.
Eu
posso não descansar em paz, mas que eu vivi uma boa vida... Ah! Isso eu vivi!
Ainda
vivo! Não estou morrendo.
Na
verdade estou! Todos estão! A cada segundo que passa, estamos mais próximos da
morte!
Mas
o que eu quis dizer, é que não irei morrer nesse instante. Não vão se livrar de
mim tão fácil.
Pelo
menos por enquanto...