Nada mais importa... Ou quase nada.




                Eu havia acabado de chegar quando li aquilo.
                Havia passado o dia inteiro na loja, meu refugio. Um lugar onde me sinto a vontade e não estou sozinho. Finalmente encontrei um lugar assim.
                Praticamente todos que vão lá gostam das coisas que gosto. Jogos e quadrinhos.
                As coisas estavam muito paradas. Eu ansiava por algo novo. Algo que valesse a pena de se escrever... Eu não sabia o que esperar, só esperava...
                Agora, não sei se valeu a pena. Mas pelo menos, tenho algo a escrever. Agradeço a você, garota do capitulo anterior a Isabela. Você me machucou legal agora, mesmo eu já tendo te fechado na minha vida há muito tempo.
                E nem foi por eu ter perdido alguém que eu amei, foi por eu ter perdido uma amiga. Uma boa amiga. É só por isso que estou triste.
                Eu estava bem. Satisfeito em tê-la apenas como amiga. Mas parece que ela era uma tremenda paranoica. Mesmo eu dizendo que estava tranquilo, acho que ela ainda achava que eu sentia algo mais... Egocêntrica.
                Eu também sou, mas sei onde estão os meus limites!
                Com raiva? Claro que estou. Não seria eu mesmo se não estivesse.
               
                Está amanhecendo. Eu precisava de um tempo antes de conseguir escrever. Passei a noite em claro. Tentando dormir para descansar a mente, mas foram tentativas em vão. Não consegui nem ao menos cochilar.
                Muitas vezes enquanto escrevo isso, eu paro. Paro para pensar, reler o que já escrevi e muitas vezes para apagar as coisas e reescrevê-las. A essa altura já devem ser oito horas. Não tenho certeza, meu relógio não está marcando o horário certo.
               
                Eu parei de escrever por alguns minutos, precisava preparar meu café e comer algo. Agora, com uma xicara de café ao meu lado e uns biscoitos do outro, estou com as palavras organizadas em minha mente. Ou não.
                Eu fico lendo e relendo aquele e-mail direto. Desde que chegou. Não consigo parar com isso. Quero, tento... Mas fracasso. Talvez eu não queira parar de ler. Não sei.
                Ela pediu que eu não a odiasse. Um pedido ao qual será o ultimo que atenderei a ela. Não a odeio. Mas não gosto dela. Nem um pouco.
                Apenas mais uma na multidão. Isso que ela se tornou pra mim.

                Eu sou o cão. Nas palavras dela, o “corpo-presente”. E ela a gata, a “observadora”. Isso nunca daria certo mesmo. Foi uma surpresa, e ao mesmo tempo estranho, termos sido amigos por tanto tempo.
                Como me disseram certa vez, eu sou sessenta. Ela varia de cinco a cinquenta.
                E agora, estou sem saber o que fazer... O que faço se o abraço que me reconfortava quando estava triste é exatamente o da pessoa com quem eu mais estou triste e decepcionado? Estou perdido. Sem rumo, sem nada... Só vazio... Outra vez.
                Ela me trouxe a vida novamente para que? Qual fora a razão?!
                Agora... Eu nunca vou saber. E acho que nem importa. Vai ser uma das poucas coisas que vão ficar sem resposta para mim. Não estou nem ai.
                “Foda-se, eu agora tenho uma bengala!” é o meu pensamento para tudo isso agora. Não faz sentido, mas é divertido dizer. Com bengala agora eu posso andar mais. Não força tanto a perna. Então dói menos. Ou faz parecer que não dói tanto.
               
                Só queria duas coisas agora.
                Uma é o prêmio da mega-sena. Por quê? Por que assim eu posso viver como eu quiser e fazer o que eu quiser. Já faço e vivo. Mas com dinheiro ficaria mais fácil.
                A outra é encontrar alguém que não se mostrasse uma completa babaca no fim... Mas será que isso é o fim? Eu duvido, e olha que quem está me contradizendo sou eu! Então algo ainda está por vir. Eu posso sentir no ar!
                Espero que não seja algo ruim. De coisas ruins estou enfiado até as orelhas.

                Por que viver tem que ser tão difícil?
                Eu mesmo me respondo. “Por que se fosse fácil seria miojo e não a vida”.
                Droga de auto resposta...

                Eu não sei.
                É só isso que me vem à mente agora. Não sei o que fazer, não sei o que pensar... Só sei o que não preciso. Não preciso ficar sozinho. Não mais.
                Tenho amigos, isso é o que me importa.
                Alias, foi graças a ela. Agradeço a ela por isso. E talvez seja justamente isso que me impeça de odiá-la. Eu queria muito. Muito mesmo. Mas é contra meus princípios.
                Malditos princípios... Sou assim, ao mesmo tempo em que me amo, eu me odeio. Sou um cão, sou um lobo, sou uma criança, sou um idoso. Sou tudo e não sou nada.
                Pensador e realizador.
                É assim que vivo. Em conflito comigo mesmo. Sempre e pra sempre.
                De resto, nada mais importa.

                Estou encerrando por agora.
                Ouvindo Metallica, Nothing else matters, o que parece se encaixar no momento.
                Estarei aqui esperando um amigo aparecer antes de ir para a loja.
                Então... Enviarei esse texto ao editor. Se ele gostar, será publicado. Se não... Foda-se, eu tenho uma bengala!

1 comentários: (+add yours?)

Viny disse...

Eu curti pra Karai! continue postando sempre Luigi! sou seu leitor assíduo!
Excelêntes publicações!