Estar sozinho...

            Novamente na feira. Faz algum tempo desde que estive aqui pela ultima vez.
            Desde que descobri a loja tenho vindo muito pouco aqui. E na maioria das vezes a contra gosto.
            Aqui tem sempre tem gente demais. Muita gente.
            Isso me incomoda. Afinal de contas, aprendi a ser sozinho. A gostar de estar sozinho.
            Não que eu não goste dos meus amigos, mas às vezes... Sinto-me estranho perto deles, estranho por estar cercado de tanta gente.
            É estranho pensar nisso agora... Antes as coisas eram mais simples. O que eu fazia afetava apenas a mim mesmo. Hoje eu tenho que pensar se o que faço faz mal a alguém com quem me importo.
            Em outras palavras, hoje eu tenho que pensar para não machucar alguém. Mesmo que sem querer ou pouco. Agora eu tenho com quem me preocupar. Isso é complicado pra mim, fui progredindo de maneira diferente do habitual. Pessoas comuns sempre tinham a quem cuidar. Se eu não cuidava de mim, ninguém mais cuidaria. Provavelmente só minha mãe ligaria. Só ela importar-se-ia se algo acontecesse comigo.
            Hoje tem muita gente que se importa. Muita gente. Gente demais...
            Sinto-me exposto assim. Como um rato de laboratório a ser estudado após uma série de exames e testes...
            É normal, eu acho. Estar acostumado há tanto tempo com alguma coisa que quando ela muda você a acha estranha.
            Há dias, em que eu penso em como gostaria que as coisas voltassem a ser como eram antes. Em como eu andava sozinho, como eu vivia sozinho. Era simples, fácil... Era solitário, vazio e deprimente, mas era a minha vida. E eu gostava dela.
            Mas nesses mesmos dias em que penso nisso. Eu me lembro dos bons momentos que tenho vivido. Momentos que não existiriam se eu continuasse a ser quem era antes.
            Estar com as pessoas me fez amolecer. Fez com que eu pudesse experimentar o que chamavam de alegria. Alegria sem motivos. Alegria de verdade. Calor que contagia... Eu gostei. Mas ao mesmo tempo não gostei.
            Tenho receio, não medo, do que é novo. Temo por aquilo que sou acostumado deixar de existir. Farei a pior referencia que poderia ser feita a mim, sinto-me como um vampiro. Um vampiro clássico, dos que sofre com o passar das eras, vendo aquilo que ama se desfizer com o arrastar do tempo. Seria bom, se assim como ele, eu também esquecesse essas coisas. A preservação de um vampiro, era sua perca de memoria, qual será a minha?
            Sinto-me sujo pela referencia que fiz... Simplesmente não gosto de vampiros. Sério, não gosto mesmo. Eu só li o Drácula por que sabia que ele ia morrer no fim! Isso é algo que me dá prazer sobre algo com vampiros, vê-los morrer. Mas isso não vem ao caso.
            Ser sozinho era minha forma de estar bem. Mesmo hoje, não sei como agir com as pessoas. E ando com elas já tem quase um ano!
            Bom, não sei se algum dia ainda vou saber. Sou um eterno travado social. Sempre e pra sempre.

            Não vi muito sentido nesse texto, mas ele é importante. Para mim pelo menos. Não sei o que vão achar, mas não me importa. É mais um desabafo do que algum texto real. Não ligo para o que vão dizer, sou quem sou. Nunca serei alguém a quem não posso ser. E se eu mudar, quem eu serei... E o mais importante, quem vai ser eu?

3 comentários: (+add yours?)

anetheoipasam@hotmail.com disse...

Interessante como as coincidências ocorrem... Eu passei a semana toda refletindo exatamente sobre isso. O engraçado é que eu procurei amigos tão próximos para conversar, eles me trataram como estranha,disseram como sempre que eu me preocupava demais... No fundo, só não entenderam o que eu quis dizer, e me trataram como a louca que eu sou. Agora, um amigo distante e desconhecido, sem rosto ou voz me ajudou muito...Obrigada.

L. J. Lunewalker disse...

Fico contente em ter ajudado. Sempre que precisar de minha, mesmo que indireta, ajuda, saiba que estarei aqui. Agradeço o comentário gatinha.

Daiana Costa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.